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Dr Yuval Noah Harari explica como as revoluções na tecnologia e na sociedade irão transformar nossos corpos e mente.
Através da história existiram muitas revoluções: em tecnologia, em economia, na sociedade, na política. Mas algo tem permanecido constante: a própria humanidade. Nós ainda temos os mesmos corpos, os mesmos cérebros, as mesmas mentes como nossos ancestrais na China ou na Idade da Pedra. Nossas ferramentas e instituições são muito diferentes daquelas do tempo de Confúcio, mas as estruturas profundas do corpo e mente humanas permanecem as mesmas.
Entretanto, a próxima grande revolução na história irá mudar isso. No século 21, haverá novamente muitas revoluções na tecnologia, na economia, na política. Mas pela primeira vez na história, a própria humanidade irá sofrer uma revolução radical. Não somente nossa sociedade e economia, mas nossos corpos e mentes serão transformados por novas tecnologias tais como engenharia genética, nanotecnologia e interfaces cérebro-computador.
Recomendo, muito, assistir este vídeo (associado neste link existem outros vídeos com o autor): https://www.youtube.com/watch?v=XOmQqBX6Dn4
*Alguns trechos extraídos da legenda:*
Muito obrigado por esta introdução e especialmente pela apresentação do livro não como um livro de futurologia porque para mim algo muito importante é que todos entendam, aqueles que lerão o livro que não é um livro sobre profecias sobre o futuro mas sim tenta analisar diferentes possibilidades que podem ou não ser realizadas; ainda temos alguma habilidade para fazer algo a respeito.
Escrever um livro de profecias creio que não é um bom exercício se ele tornar-se uma realidade pouco importa. Você não pode fazer nada sobre isso. É muito mais interessante, muito mais importante, escrever sobre diferentes possibilidades. E, se você não gosta de nenhuma, faça algo sobre isso para evitar as piores possibilidades que podem se tornar realidade.
E, hoje, o que eu quero discutir é uma das possibilidades. Uma particularmente importante possibilidade que agora estamos enfrentando. Que é o surgimento da inteligência artificial e o potencial que a inteligência artificial se converta na forma de vida dominante na Terra e mesmo além da Terra e o quê isso significaria para o Homo sapiens.
[Após discorrer sobre a evolução da Vida Orgânica e suas limitações, pela adaptação por Seleção Natural às condições deste planeta, explora as possibilidades da Vida Inorgânica - que nunca existiu e agora estamos criando. Seus impactos nos empregos, citando dois exemplos: motoristas profissionais e médicos - já *hoje* suplantados por *IAs de Carros Autônomos* e *IAs médicas (ex. Watson, da IBM)*]
[21:10] ... porque cada vez mais especialistas acreditam que nem todos os médicos mas muitos, talvez 50, 60, 80 por cento serão substituídos por IA, nos próximos 10, 20 ou 30 anos. E as mesmas coisas podem acontecer a muitas outras profissões - advogados, professores, corretores de seguros.
Quando a gente escuta estas coisas, uma das objeções mais comuns é a de que já ouvimos isto antes. Ouvimos antes, este temor que as máquinas vão substituir os humanos.
Não é novo, muitas pessoas no século XIX e XX estavam com medo de que as máquinas substituíssem as pessoas na agricultura e na indústria e que haveria um grande desemprego e haveria uma crise com todas estas pessoas desempregadas. E não aconteceu, porque vimos trabalhos desaparecerem e novos trabalhos surgirem para substituir aqueles não temos uma crise, hoje em dia, com massas desocupadas.
O que acontece é que a maioria das pessoas em sociedades desenvolvidas deixaram de trabalhar na agricultura e na indústria, hoje em países como Inglaterra e EUA, somente 2% da força de trabalho trabalham no campo, comparado com 90% antes da revolução industrial. Talvez 15 ou 20 por cento ainda trabalham nas indústrias, fazendo trabalhos físicos. A grande maioria trabalha nos serviços.
O problema é que não podemos estar seguros que a mesma situação acontecerá de novo com esta nova revolução porque os humanos tem, basicamente, dois tipos de habilidades: habilidades físicas e habilidades mentais, cognitivas.
O que aconteceu nos séculos XIX e XX é que as máquinas competiram e superaram os humanos em habilidades físicas portanto humanos basicamente pararam de realizar tarefas físicas e foram para trabalhos que requerem habilidades cognitivas, como o setor de serviços.
Agora, máquinas estão começando a competir e nos superar também em habilidades cognitivas e não sabemos de alguma outra habilidade que os humanos poderiam ter e no que todo mundo poderia começar a trabalhar. Não sabemos!
Outro problema é que se novos trabalhos aparecerem as mudanças acontecem tão rapidamente que os humanos teriam que se reinventar todo o tempo durante a sua vida na qual é algo muito difícil depois de certa idade. Quando você tem 15 ou 20 anos o que você faz é inventar e se reinvertar. Mesmo nesse cenário, não é muito fácil.
Mas quando tem 40 ou 50 anos é muito mais difícil. Pensemos, por exemplo, em 20 anos. Não havendo trabalhos para taxista, médicos e corretores de seguros, terão que se reinventar em designer de mundos virtuais.Isto é algo completamente difícil para um taxista ou um corretor de seguros de 50 anos - reinventar-se em uma nova pessoa, agora você é um criador de mundos virtuais... Como seria um mundo virtual criado por corretor de seguros de 50 anos?
... voltando ao início: O que ensinaremos às nossas crianças hoje na escola? E a resposta é que ninguém tem ideia. As crianças que começam a estudar hoje, primeira semana, do ensino fundamental. Não sabemos nada de como será o mercado de trabalho quando estas crianças chegarem aos 30 ou 40 anos. É muito provável que o que aprenderem será completamente irrelevante. Mas, então, o quê ensinar-lhes? Ninguém sabe, porque sinceramente não sabemos que tipo de mercado de trabalho haverá em 2050. E que tipo de habilidades as pessoas precisarão neste momento desconhecido do mercado de trabalho.
Como disse antes, o século XIX criou uma nova classe de trabalhadores urbanos. E grande parte da história política e social do século XIX e XX girou em torno desta nova classe de trabalhadores
Semelhantemente, no século XXI, é provável que vejamos o surgimento de uma nova classe: a classe dos inúteis! A maioria da história política, econômica e social do século XXI acontecerá em torno desta nova classe. E levantará a questão do que fazer com bilhões e bilhões de pessoas economicamente inúteis?
E porque são economicamente inúteis, o perigo é que também percam o poder político. Porque, usualmente, a utilidade econômica vai de encontro ao poder político. Enquanto humanos perdem sua utilidade econômica, talvez percam também seu poder político.
Para dar um simples exemplo: quando existem milhões de taxistas, caminhoneiros e motoristas de ônibus, cada um deles domina uma pequena parte do mercado de transporte. E isto lhes dá uma certa quantidade de riqueza econômica. E também lhes dá certa quantidade de poder político. Se puderem se sindicalizar e se o governo faz uma política que todos estes motoristas não gostam, podem fazer greve, portanto tem um certo poder político.
Se substituírem todos esses motoristas, com veículos autônomos, que são basicamente dirigidos pelo mesmo algoritmo, o mercado será dominado pela mesma empresa, que é propriedade alguns bilionários.
O poder econômico e político que foi compartilhado por milhões de motoristas está agora monopolizado por, talvez, 5 ou 10 indivíduos.
Como disse no começo isto não é uma profecia nada sabemos realmente sobre como o mercado de trabalho, a economia e o sistema político será em 2050.
Mas, se você não gosta desta possibilidade em particular, poderá fazer algo sobre isso.
Obrigado [28:06]
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