Junho de 2008 | 12/06/2008 - 12:17
Em que bancos os nativos digitais vão ter conta?
Jovens e crianças
nascidos na era web são muito mais exigentes, plugados, menos fiéis a marcas e
totalmente familiarizados com tecnologia
Katia Militello
Qual será o principal desafio de gestão dos bancos daqui a 15 anos?
Experimente fazer essa pergunta a estudiosos da evolução do mercado financeiro,
e a resposta seguirá por um único caminho: atender (e fidelizar) um cliente
totalmente diferente daquele que os bancos têm hoje. Em 2023, a maioria dos
correntistas será formada pelos chamados nativos digitais, uma geração que
nasceu na era da internet e do celular. Eles são muito mais exigentes, plugados,
menos fiéis a marcas e totalmente familiarizados com tecnologia. Isso significa
que o banco que não abrir os olhos para esse novo perfil de cliente pode se dar
muito mal.
“Essa geração já tomou conta da indústria da música e vimos o
que aconteceu: uma implosão do modelo tradicional de negócios”, afirmou Gary
Curtis, chief technology strategist da consultoria americana Accenture, em
palestra no Ciab, o maior evento de tecnologia para o mercado financeiro do
país, que ocorre até amanhã (13/6), em São Paulo.
Os nativos digitais,
afirmou Curtis, interagem de forma diferente com os prestadores de serviços,
querem feedbacks constantes, interfaces intuitivas para os serviços online e
móvel, como as do iPhone e do iGoogle, e não ligam a mínima para privacidade.
“Os bancos vão ter trabalho para atendê-los. Precisam abrir os olhos já”, disse
Curtis.
Segundo Boxley Llewellyn, executivo da IBM especializado no
mercado financeiro, a vida dos bancos no século 20 sempre foi muito fácil,
porque os clientes eram iguais, e as instituições financeiras os atendiam com
serviços também muito parecidos. “Num futuro bem próximo, os bancos terão de
investir em serviços e atendimento personalizados, porque os clientes serão
muito diferentes. Quem disse que uma família tradicional será formada por
marido, mulher e dois filhos? Hoje já não é assim."
Llewellyn deu
exemplos de bancos que já estão caminhando para nichos específicos de mercado,
como o indiano Icici Bank, focado em empréstimos de baixo custo; ou para novos
serviços, como fizeram o sul-africano Standard Bank e o americano Wells Fargo,
que têm modelos exemplares de uso do celular para todas as transações. “Isso só
aconteceu porque esses bancos investiram em inovação e tecnologia”, disse
Llewellyn.
Outra demanda urgente dos clientes, segundo ele, é o
investimento em sustentabilidade. “Ser verde e se preocupar com fatores sociais
é prioridade e oportunidade”, disse Llewellyn. “Os clientes vão exigir cada vez
mais que seus bancos sejam genuinamente preocupados e os CEOs já sabem disso”.
Segundo ele, uma pesquisa recente da IBM com 1.130 presidentes de bancos mostrou
que nos próximos três anos, os investimentos em sustentabilidade devem aumentar,
porque ter boa imagem vai fazer a diferença para conquistar esse novo consumidor
digital.
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